O Silêncio dos Homens Nós, homens, crescemos no avesso das palavras. Aprendemos cedo que carinho era luxo, que "eu te amo" não cabia na boca do meu pai. Presentes eram raros, e quando vinham, eram quase sempre silêncio embrulhado em papel grosso. Na infância, não éramos crianças, éramos candidatos a guerreiros, empurrados à vida como quem lança pedras num rio, esperando que flutuassem. E aqui estamos: adultos de ombros pesados, sem direito ao choro — choramos escondidos, de fora para dentro, não somos amados, somos necessários. O elogio, dizem, é prêmio póstumo. Guardam as palavras bonitas para o velório, quando já não escutamos nada. Enquanto vivos, esperam de nós apenas força, mesmo quando tudo dentro grita por colo. Mas, no fundo, seguimos. Machucados, mas inteiros; solitários, mas firmes. Seguimos porque aprendemos a amar sem ter ouvido amor, a dar sem ter recebido, a viver mesmo quando ninguém nos ensinou a sentir. Nós, homens, somos poesia guardada em pedra, cho...
A vida contada em Histórias.